Uma das coisas boas que a idade nos traz (agora assim de repente só me estou a lembrar de uma) é termos mais certezas do que gostamos, não gostamos e/ou adoramos.
Todos nós, de alguma forma, arrumamos na nossa cabeça as pessoas em pequenos grupos – digam-me por favor que não sou sou eu que faço isto – de acordo com as suas preferências. Ai! Eu passo a explicar. Não me interpretem mal. Não é bem arrumá-las em diversas categorias, é assim mais agrupa-las. É praticamente a mesma coisa, não é? E com que finalidade? Literalmente nenhuma. É que há tanta informação aqui dentro, e eu que até gosto de ver as coisas bonitinhas e arrumadinhas, que eu vou fazendo pequenos grupos, mas são só coisas minhas, para me darem alguma orientação.
Há as pessoas que gostam de bolas de Berlim com creme e as que nem lhes tocam se tiverem creme; as que preferem Londres a Paris e as que lhes é completamente indiferente (really? então mas Londres tem alguma coisa que ver com Paris?); as que adoram Pink Floyd, as que nem por isso (eu) e as que preferem Pearl Jam (já vi duas vezes ao vivo e ainda quero MAIS); as que seriam incapazes de passar uma noite à porta da loja para comprar um bilhete para qualquer que seja o espectáculo e as que são (já eu, noites mal dormidas só em nome dos meus grandes amores e felizmente foram muito poucas); as que não se importam de acordar cedo e as que se importam sempre de acordar independentemente da hora (odeio fazer parte deste grupo); as que gostam de sardinhas e as que preferem carapaus (eu gosto mesmo é da salada algarvia em cima do pão molhado com a gordura da sardinha); as que praia é sinónimo de Algarve e as que não.
Pois eu, que toda a vida fiz férias no Algarve, estudei e adorei lá viver 4 anos incríveis (diz que há amigos dos meus filhos que já lêem o blog, não vou mesmo poder falar sobre isso aqui), sou Alentejo. Eu sou cada vez mais Alentejo. Sou petiscos, ondas e água fria. Sou percebes e pão alentejano com tudo (pão esse que ao fim de uma semana me provoca uns gases bastante incomodativos). Eu sou verão, mas com temperaturas amenas. Sou esplanada com o sol a por-se no mar. E que mágico é o por do sol no Alentejo. Sou camisola com capuz ao final do dia e manta na cama à noite. Sou manhãs de nevoeiro e cheiro a mar autêntico e verdadeiro.
Há qualquer coisa na costa alentejana que me deixa a alma tatuada (ainda não foi este verão que fiz uma tatuagem – é difícil escolher o quê). É aqui que eu sou mais eu e que encontro mais dos meus. Sou também Londres, bola de Berlim sem creme, Pearl Jam e festivais de verão. Sou família, amigos e manhãs mal humoradas. Sou sardinhas e sou Alentejo.
Mas porque somos 5 e há que respeitar as decisões e condicionantes da tribo, também sou Algarve. Sou o movimento dos primeiros dias de Agosto com os amigos todos a chegar. Sou praia e mergulhos até à noite (impossível no Alentejo). Sou pizzas Nosolo (vou conseguir assinantes para uma petição para terem na carta uma pizza de chourição picante) e sangria com bola de sorvete de limão. Sou ilha do Farol (um ano destes passo lá uma semana) e sunset no Cais Aqui. Sou sobretudo tudo o que mais gosto. Somos todos, não?
[Nota: estivemos pela primeira vez uma semana de férias em Odeceixe. No mapa já é Algarve mas em tudo o resto é Alentejo ♥]








