(RE)Encontrei-te a Sul, no meu então sul, sem saber que rapidamente te transformarias no meu Norte. Passaram já 19 anos desde esse dia. São quase duas décadas, é metade da minha vida, mas é inteira que me sinto por poder partilha-la contigo.
Os primeiros 5 meses foram a 300 km de distância, com pouca calma e muita ânsia, e nem sempre nos víamos ao fim-de-semana. A primeira vez que pensámos fazer uma surpresa um ao outro escolhemos fazê-la no mesmo dia. O resultado foi um fim-de-semana cada um para o seu lado, no sítio onde cada um de nós esperava vir a surpreender o outro. Operação de charme mal sucedida mas que nunca ficará esquecida.
Não satisfeita com isso, aumentei a distância para quase 10 vezes mais. Eu nove meses em Inglaterra e tu nove meses aqui. O tempo a passar e o namoro a continuar. Quando cheguei entrámos juntos numa agência de viagens em Alcântara para marcar uma viagem, desta vez a dois, para o México. Encurtámos a distância para uma viagem mais perto e mais barata e saímos de lá com dois bilhetes para uns dias no Funchal e mais uns tantos em Porto Santo. Ao fim de dois dias em Porto Santo (em Outubro de 2000 em Porto Santo estávamos nós, os empregados do hotel e o rancho folclórico que animava as noites no hotel e nós, para eles não desanimarem, dançávamos com eles) mudámos a viagem e regressámos ao Funchal.
Com os pés já assentes no continente pediste-me em casamento logo a seguir à nossa viagem. Aqueles dias nas ilhas tinham sido o máximo de tempo que tínhamos passado perto um do outro. Marcámos casamento para maio e antecipámos para fevereiro. Pediste-me em casamento num restaurante que já não existe (pouco tempo depois foi mandado demolir) com um anel que eu troquei na semana seguinte (e o problema não era apenas o tamanho).
Passaram já 19 anos desde o princípio dos dois. São quase duas décadas, é metade da minha vida, mas é inteira que me sinto por poder partilha-la contigo.
Já nos magoámos e já nos perdoámos. Provavelmente vamos voltar a magoar-nos e espero que tenhamos a mesma vontade de nos voltarmos a perdoar. É metade da minha vida vivida contigo. Mas é inteira que me sinto por poder partilha-la contigo.
É tudo mais do que alguma vez imaginei. Ou sonhei. É a minha vida toda presa no teu olhar em mim. É o teu olhar demorado pousado em mim. São os meus sonhos e os teus projectos. É o teu sorriso a entrar em casa. É o teu deixar-me ir e o meu regresso no teu abraço. É a tua clareza e a minha certeza.
És tu. Sou eu quando estou contigo.
Somos os dois.
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