Nem sempre é fácil conjugar os programas e as preferências dos 5. Somos 2 adultos e 3 crianças com interesses em comum na maior parte das vezes, mas nem sempre. Para além das diferenças de idade, não esquecer o facto de entre os 5, ser eu a única do sexo feminino. Até aqui não senti muito essa diferença mas ultimamente tem sido cada vez mais evidente a pressão da ala masculina na escolha dos programas a 5. Dos últimos programas que fizemos os 5 recordo o Wrestling ao vivo (que violência dirão alguns de vocês mas eu adorei ver a reacção deles e só tive pena de não ver o John Cena ao vivo e a cores, parece que o rapaz já se reformou há algum tempo e eu sou a única que não sabia) e um jogo do Benfica contra o Manchester United (só quando chegámos a Lisboa e abrimos a mala do carro de onde saltaram cachecóis, barretes e bilhetes é que eles souberam que iam ao jogo, melhor só mesmo se o Cristiano ainda jogasse no ManUnited). Da última vez que fomos os 5 a um shopping deixei-os 4 horas a namorar todas as novidades da FNAC enquanto eu pude espreitar as pechinchas da primark sem ouvir reclamar (e adivinham o que eu comprei? pijamas e meias anti derrapantes para eles).
Para além da superioridade no número de pilinhas lá por casa, há toda uma novidade na forma como eles se referem ao pai como sendo o senhor todo poderoso, o senhor que sabe tudo e faz tudo mais e melhor do que a mãe, tudo com mais força e com muito mais piada. Ainda ontem eu era uma mãe de 3 bebés e mulher de um marido pai de 3 bebés e hoje sigo sendo uma mãe de 3 bebés e mulher de um marido pai de 3 bebés mas começo a ficar sem companhia para fazer os meus programas preferidos. Até o comando da televisão tem um código para eu não lhe conseguir mexer (estou a gozar, isso não é possível, pois não?).
Nas férias do Natal prometi-lhes um dia em Lisboa que fosse do agrado de todos. Começámos pela exposição Joan Miró no Palácio da Ajuda. Aproveitámos e visitámos também o Palácio. O João Maria já conhecia e entreteu-se a fazer de guia aos irmãos (até eles se fartarem e mandarem-no calar). Durante a visita vi uns miúdos a portarem-se pior do que os meus, aliás, pior nem será o melhor termo porque os meus estavam a portar-se lindamente. Que pena a minha mãe não estar lá na altura em que a funcionária avisou as crianças dos outros e não as minhas. Almoçámos no Lx Factory que os mais novos adoram e o João Maria ainda não conhecia. Eu também adoro lá ir. Sinto um bocadinho o cheiro dos mercados de Londres, não sei se vem das lojas se dos estrangeiros que por lá passeiam. De seguida eles foram ao bounce, mas quem ficou aos saltos fui eu porque o Zinho deixou-me duas horas e meia no IKEA.
É preciso ceder. É preciso gostar (muito) de alguém para preferirmos fazer os programas preferidos de outra(s) pessoa(inhas mínimas e por quem eu faço tudo). Mas não posso ser só eu a ceder, tento passar-lhes a mensagem que também eles devem ficar contentes por fazerem comigo as coisas que eu gosto.
É preciso não nos esquecermos de nós e do que nós gostamos de fazer e ensinar aos outros que de vez em quando, eles também têm de preferir fazer os nossos programas preferidos e que isso os vai fazer sentirem-se bem e quem sabe até… gostar.
Ah, falta contar o truque que usei para se portarem bem na exposição do Joan Miró, fizemos um jogo para ver quem descobria primeiro em que parte do quadro estava a assinatura do pintor. Quem os viu de longe ficou maravilhosamente impressionado com o olhar interessado deles para cada uma das pinturas. Embora o Kiki e o Zé Maria me tenham dito em segredo que na escola há meninos a desenhar melhor que o reconhecido Miró, eu acho que eles gostaram e que quando voltarem a ver um quadro do mesmo pintor, o vão facilmente reconhecer.


One thought on “Interesses e preferências de 4+1”