recordar [para não esquecer]

Gosto muito de voltar a memórias antigas, algumas tristes, muitas felizes que me lembram como as felizes em tanto têm sido superiores.

Hoje de manhã, ainda tapada e enroscada no edredão, quando o despertador do Zinho tocou, lembrei-me da casa de férias que o meu sogro em tempos teve em Altura. Antes nos casarmos passámos lá férias de verão e fins-de-semana de Inverno, estes com a lareira acesa. Tínhamos um vizinho (julgo que belga) que tocava piano e lembro-me de estarmos os dois deitados a ouvi-lo tocar de manhã. Entretanto o meu sogro vendeu aquela casa e comprou um apartamento em Portimão. Naquela Altura reclamávamos que aquela ponta do Algarve não tinha noite e que fazíamos imensos kms para ir dançar às discotecas mais badaladas. Hoje em dia reclamamos da confusão de Portimão e como seria bom voltar a ter aquela casa num sítio muito mais calmo e com menos gente.

Ainda em pijama fui ao escritório procurar um documento importante (que não encontrei) e cheguei à cozinha irritada “Zinho, temos mesmo de arrumar o escritório! mesmo, mesmo! lembras-te quando vivíamos os 5 num apartamento e fazíamos do quarto escritório? por termos menos espaço éramos muito mais arrumados, a mesa que hoje serve de secretária no quarto do João Maria foi em tempos a secretária do nosso escritório e quando nasceu o Zezinho mudamo-la, a ela, ao computador e às pastas para o nosso quarto. estava quase sempre arrumada e o ecrã do computador tinha também a função de televisão”.

Ao vestir-me escolhi uma tshirt que levei a Marrocos, em 2009 ou 2010, na primeira viagem que fiz com a minha Lurdes, a minha quase (segunda) mãe, quase irmã e, às vezes, quase filha. E tantas viagens fizemos depois dessa. Tantas e tão boas. E nos últimos tempos quase não nos vimos, “um dia destes vamos almoçar” “amanhã tomamos um café” mas hoje vamos mesmo ver-nos, não vamos Luxa? e mesmo se não der para o que combinámos vou relembra-la que estou aqui. sempre aqui para si. e sempre com vontade de voltar a Marrocos na sua boa companhia.

Já a meio da manhã foi o Zinho que ficou nostálgico com as músicas de séries de TV antigas que a Rádio Comercial tem estado a tocar, MacGyver, Balada de Hill Street e eu a pensar como era bom sentarmo-nos no sofá na hora certa da nossa série preferida. Era tão bom e não sabíamos. E hoje com sofás que encolhem e se esticam carregando num botão (o meu não mas eu sei que há uns assim porque já me ia entalando num) e cento e muitos canais que nos deixam ver toda a programação dos últimos 7 dias, tenho muito mais dificuldade em concentrar-me e seguir uma temporada do que quer que seja do princípio ao fim. “vê esta que é mesmo viciante” “vou-te emprestar um livro que vais adorar” e eu com 4 livros na secretária com marcadores pelo meio todos começados e nenhum acabado.

Com tantas memórias vieram também as quase memórias das quase coisas que quase podiam ter acontecido. Quase entrei em Relações Internacionais em Coimbra, quase me apaixonei por um inglês, quase aceitei um emprego em Reading (UK), quase abri uma agência de viagens, quase perdi uma amizade por causa de um trabalho, quase abri uma hamburgueria, quase perdi uma amiga por causa do diz que disse que ela disse e tu não disseste.

Mas não essas quase histórias que ficam para contar. O que conta é que fiz Turismo na Universidade do Algarve, onde passei 4 dos melhores anos da minha vida; fiz ERASMUS em Helsínquia e percebi que os namoros de intercâmbio devem ficar exactamente onde começaram; troquei os arredores de Londres pelos de Santarém e vivo em Alpiarça numa casa linda com 5 pessoas e 2 cães (um deles coxo… o que me custa ver aquele cão assim a coxear); mudei das viagens para os vinhos; o meu marido, o pai dos meus filhos e a minha cara metade são a trilogia santa da minha vida numa única pessoa que, agora assim de momento, o maior defeito que lhe aponto (e é daqueles que só alguém como eu poderia desculpar) é que quando se deita mais tarde do que eu e entra no quarto comigo já a dormir acende SEMPRE a luz de cima do quarto. Conhecem pior defeito? aliás, conhecem alguém capaz de tamanha maldade?

E porque todas estas memórias começaram com um CD de fotografias que encontrei ontem do dia do baptizado do bebé Zé partilho hoje aqui algumas imagens desse dia tão feliz. Foi em maio de 2013, há seis anos, e coincidiu também com a festa dos 40 anos do Zinho. Que bom regressar a este dia.

Gosto de recordar para não me esquecer. É por isso registo as memórias aqui, num lugar que posso sempre voltar para me lembrar de tudo o que tenho para agradecer.

mãe, era mesmo preciso ter tomado banho?
a vela e os sapatos de “carneira” que ninguém usa lá em casa
meu bebé Zé (aqui com 2 anos)
Kiki virou-se de frente e sorriu para a foto (mas reparem bem na roupa dele)
todos a adorar o menino
família
apertões de avó
em bicos dos pés no altar
SANTO (mesmo antes da pia baptismal)
padrinhos mais queridos e o Zinho com cara de fome
felizes
festa no nosso jardim
a sério que há 6 anos já eram mais altas que eu? (melhores sobrinhas)

2 thoughts on “recordar [para não esquecer]

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