O Natal destes dias

Não sou de fazer grandes balanços nem de estabelecer objectivos (ainda bem que não trabalho na banca). Não sinto muito o recomeço do ano. Muito embora o calendário este ano seja especial por ver em tantas secretárias e algumas cozinhas o que fiz em parceria com a Love and Creativity (ainda temos alguns disponíveis para entrega). Para além dos desejos habituais de paz, saúde e amor, o que mais gosto da passagem de ano é à meia noite a troca de beijos e abraços com os amigos e família que entram connosco no novo ano e que, se Deus quiser, esses hão de ficar ao nosso lado este e os anos que se aproximam. Nesta passagem de ano já não tivemos a companhia do mais velho – com os seus precoces 14 anos já teve programa com os amigos.

Mas o que eu queria mesmo contar-vos é que não senti o Natal como gostaria ou como imagino que deva ser. Do que vou lendo e ouvindo há muito sentimento especial por esta altura do ano e eu não senti nada. Aliás, senti arrelia por não sentir nada disso que vocês dizem que sentem. Juntei a família em casa. Houve camarão, bacalhau, bolo de chocolate, vinho e muitos presentes. Mas em mim não houve nada para além disso. Houve um momento alto da noite e esse acho que nenhum dos presentes se vai esquecer, nem mesmo o meu pai que já dormitava no sofá. O nosso Zé Maria, o nosso bebé Zé, atleta de hóquei em patins, recebeu os seus primeiros patins. Novos a estrear para ele. E a reação dele foi muito especial. Desembrulhou, recuou em jeito de admiração e felicidade desmedida, abraçou todos os que estavam na sala e aninhou-se no meu colo a soluçar. Os irmãos riram e até tentaram fazer algum gozo da cena – gozo que eu imediatamente interrompi “vocês até se esquecem que ainda não tinham pisado um campo relvado de rugby e já estavam com umas chuteiras novas nos pés. O vosso irmão está no hóquei há um ano e há um ano que treina e joga com uns patins emprestados (obrigada, Maria. em breve vamos devolver os teus patins).” E é quase sempre assim não é? Quando gostamos muito de uma coisa, quando queremos algo muito e demoramos tempo a conquista-la ela chega com um valor acrescido. E eu tenho de me relembrar mais vezes que tenho a sorte de ter a família junta e próxima em que todos se dão bem e fazem da nossa mesa de Natal das mesas mais barulhentas e confusas. Que tenho a sorte dos meus pais, embora separados, se sentem na mesma mesa. Sogros que moram perto e trazem leitão e molotof. Cunhados e sobrinhas que vêm sempre bem dispostos e com paciência para os sobrinhos e primos. Amigos que são família e nos visitam todos os anos a 24 à tarde.

Mas ainda assim… eu acho que não senti o Natal como vocês sentem, como a maior parte das pessoas que eu oiço e leio sentem.

E alguma coisa eu vou ter mudar para o próximo Natal e esse pode até ser um bom objectivo para 2020. O que eu posso e devo mudar: cozinhar em vez de encomendar (há tanto amor na confecção de uma refeição, não posso continuar a não ser eu a cozinhar). Vera, prepara-te! Para o ano, e sim este objectivo agora também é teu, vamos fazer noitada a estender velhoses e bebemos abafado enquanto pomos a massa a levedar. Cunhada Vera, não marques nada para dia 23 Dezembro 2020. OK?

Quero também estabelecer um limite de presentes com a família. Não podemos ficar horas a desembrulhar presentes e depois ficarmos cheios de sono no sofá (ou o sono foi do vinho que bebemos?). Temos de abrir menos presentes, ficar mais tempo acordados e jogar jogos de tabuleiro.

Mas o resumo destes dias foi, com mais ou menos sentimento, muito bom. Até porque ainda é Natal até dia 06 Janeiro e consegui sentir o Natal destes dias nas férias que tive. É bom não trabalhar entre o Natal e o fim do ano. Os miúdos acordam tarde (muito tarde). Já são autónomos na hora de se deitarem. E eu que sou tão boa na arte de não fazer nada nas manhãs tive três grandes aliados nestas férias. Passámos as manhãs em pijama enrolados em mantas e abraços, ora na cama, ora no sofá. Tomámos pequenos-almoços com sumo e scones a tocar a hora do almoço e deixaram-me combinar almoços tardios e cafés com as amigas. Ainda não chegámos aos reis e até já tivemos tempo de ir aos saldos.

Afinal, de que me queixava eu? Podes vir 2020 que eu prometo amar-te, respeitar-te e sentir-te até ao fim dos teus dias.

um bocadinho encalorada não? afrontamentos próprios da idade

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