Todas as histórias que começam hoje, na verdade, já começaram ontem. Porque se hoje marca o seu início ontem foi o sonho que a fez acontecer hoje.
Estive há uns meses, pela segunda vez, num dos pequenos almoços de networking da Sandra Nobre. São sempre momentos muito especiais de muita partilha e recheados de histórias que trazemos connosco e que nos servem de inspiração para seguirmos melhor os passos que fazem o nosso caminho. Desta vez tivemos o grande privilégio de ouvir e conhecer pessoalmente a grande senhora, Dra. Helena Sacadura Cabral.
Quando se apresentou, uma convidada tão especial, resumiu com paixão o seu currículo académico e profissional e terminou dizendo que sempre que se apresenta tem dificuldade em dizer o que é, devido a tantas actividades que tem e outras tantas que já fez. E eu enquanto a ouvia repetia baixinho para dentro de mim: qual a sua dúvida? não entendo… independentemente de tudo o que faça, fez, ou ainda vá fazer, a Helena é, acima de tudo, uma grande senhora. Uma grande mulher que, de igual para igual, se sentou à cabeceira da mesa e partilhou connosco a faca da manteiga.
No final o sentimento foi comum nos dois pequenos-almoços onde estive presente: começámos as nossas partilhas no “fazer” e terminamos no “ser”. Porque muito mais importante que aquilo que fazemos será sempre aquilo que somos.
Ter uma profissão com tarefas mais ou menos pormenorizadas, um salário melhor ou pior, um currículo mais ou menos preenchido não vai fazer de nós insubstituíveis. Mas o nosso lugar em casa, à mesa em família ou entre amigos, se um dia ficar livre, nunca será ocupado por ninguém. O que somos enquanto pessoas é a única coisa que é verdadeiramente pessoal e intransmissível.
E quem já passou na vida por perder alguém sabe o que é sentir verdadeiramente a falta de uma pessoa. Será natural sentir saudades do bolo de chocolate que essa pessoa fazia como ninguém, do bacalhau com natas inigualável ou da da forma como tão bem geria a sua equipa na empresa. Mas quem fica não é disso que sente falta. Sente falta da pessoa não por aquilo que ela fazia mas por aquilo que ela era connosco e o que nós éramos com essa pessoa.
E porque tudo o que fazemos hoje na verdade foi a sonhar que o começámos ontem. Tudo o que somos hoje é o resultado do que vivemos ontem. E com quem o fizemos. Eu hoje tenho a certeza que melhor do que começar uma história só mesmo continuar a nossa; que melhor do que ver o lado bom da vida é, na hora certa, decidir ficar aí, no lado bom, no melhor, ao lado dos bons e dos melhores – sem nunca esquecer que ser será sempre mais que fazer.
[aqui na foto não sou eu e a HSC mas sim eu e a minha Joana, colega do mundo dos vinhos, amigas desde o momento em que começámos a trabalhar juntas, a minha companhia e o meu desafio para estes pequenos-almoços e o melhor exemplo de alguém que faz e trabalha muito mas que é, acima de tudo, uma grande Joana, daquelas que eu vou querer guardar para sempre]

Sinto-me madrinha deste vosso encontro!!!! Um grande beijo Patrícia! Excelente momento se escrita e tempo bem empregue na sua leitura!!!!
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