Já vos aconteceu de certeza estarem num grupo e pedirem-vos para se apresentarem. Explicar quem são, de onde vêm, ou onde estão e para onde vão, em apenas duas ou três frases, que se pedem curtas e objectivas, mas que sirvam de legenda a quem acabou de vos conhecer.
Há umas semanas atrás pediram-me que me apresentasse a um grupo de 15 pessoas que tinham acabado de entrar no mesmo espaço que eu e que iriam passar as próximas 6, 7 horas comigo. Começou o que estava mais à ponta, e eu no meio, fui ficando cada vez mais inquieta, sem saber muito bem o que dizer quando chegasse a minha vez. Cada pessoa se tornava, à medida que falava, numa pessoa mais interessante que a anterior, e eu, naturalmente, também queria tornar-me interessante para os outros. De repente todas as outras histórias de vida que me estavam a ser apresentadas se tornaram muito mais interessantes que a minha.
Rapidamente chegou a minha vez, e eu, num discurso completamente desorganizado, dei início à minha apresentação. As palavras começaram desordenadamente a ultrapassar-me e eu distraí-me com o barulho do meu próprio pensamento. Não me lembro bem do que disse. Sei que contei que trabalho no departamento de promoção de uma associação de produtores de vinho, que sou mãe de 3 rapazes e que pertenço a um grupo de voluntariado.
Gostava de ter falado no meu blog e na razão pela qual o comecei a escrever. Na verdade, era essa a razão pela qual eu me tinha inscrito no workshop de phone photography, para poder melhorar a imagem digital do meu blog. Não foi por trabalhar com vinhos, nem por ser mãe de 3 rapazes, foi também pelo grupo de voluntariado, para poder melhorar a presença nas redes sociais, mas foi sobretudo para tirar o maior partido do meu telefone e melhorar as fotografias deste blog.
“Olá, eu sou a Patrícia e tenho um blog desde que o meu irmão morreu.” Seria esta a forma mais directa de me apresentar? Será isso aquilo que mais me define junto dum grupo de 15 pessoas que acabei de conhecer? Que impressão quero eu causar? A de alguém interessante para os outros ou que sintam compaixão por mim e pela minha história? E sentir-me interessante para os outros é importante porquê? Se calhar até não é. Mas a verdade é, que desde essa apresentação que tenho andado a pensar, que quando me voltarem a pedir para me apresentar, quero estar melhor preparada.
“Olá, eu sou a Patrícia, tenho 3 filhos rapazes e 2 sobrinhas raparigas. Trabalho numa área que gosto muito e, na maior parte dos dias, estou feliz com as minhas escolhas e com a vida que me é oferecida todos os dias. Faço o melhor bolo de iogurte do mundo (é da bimby, mas o meu é mesmo o melhor) e adoro viajar”.