Faz parte da nossa logística familiar, desde sempre, o pai estar menos presente em Agosto. Quando casámos íamos de férias em Junho, mês que fazia menos diferença ao agricultor estar ausente do “escritório”. Com a entrada do João Maria na escola começámos a fazer férias em Julho e desde então tem sido o nosso mês preferido, principalmente a segunda quinzena. Dias grandes e quentes, poder ficar na praia até tarde, fugir da confusão de Agosto e estar de volta a casa no mês em que o tomate é rei.
Mas desde que estou neste novo emprego (novo? já faz 3 anos em Setembro!) tenho obrigatoriamente de tirar uns dias de férias em Agosto. Em Julho fomos com o pai, que interrompeu por 2 vezes as férias (já falei sobre isso aqui) e em Agosto voltámos os 4. Eu e os meus três Marias, ou Mateirinhos, como lhes chamam os nossos amigos que não conseguem decorar qual é o João, o Pedro (Kiki) ou o Zé. Temos de agradecer (sempre) o bom que é os avós terem esta casa no Algarve que nos permite ir e voltar sem o custo acrescido do alojamento. Casa que eu senti, este verão pela primeira vez, como a nossa também. E agora, com a devida autorização da minha sogra, até vou colocar molduras com fotografias nossas mais recentes. A zona não é de todo a nossa preferida, mas é a preferida dos meus sogros, e nós temos nos habituado a explorar as praias naquela zona. Para além de que temos a sorte de ter muitos amigos de férias mesmo ali ao lado.
Este foi o ano em que nos “aguentámos” os 4 sem o pai durante mais tempo. Ficámos 9 dias! Noto que, no geral, quando um não está, ficamos mais tolerantes uns com os outros porque sabemos que não estamos a jogar com a equipa completa. Mas quando algo corre menos bem todos pensamos e os mais novos dizem à descarada “se o pai estivesse aqui não era nada assim”. Eu estive mais calma e com menos medo. Houve tempos em que tinha medo de perder algum. Que um fugisse e eu não o conseguisse apanhar. Ainda hoje, muitas vezes quando vou de carro sozinha com eles, olho para trás para ver se estão todos mas nunca estão. Porque o João Maria já está na frente ao meu lado e que companhia tão boa e tão adulta se tornou. E chegou também a fase em que ele procura outras companhias que não eu e tardes inteiras de praia em que nem o vejo.
Deixei de ter pressa de manhã. Por norma deitamo-nos tarde. Eles gostam de dormir até tarde. Eu também. Troco a beleza que a praia tem de manhã pelas nossas manhãs calmas e, preferencialmente, sem os gritos que nos acompanham no ano lectivo. Todos os dias de manhã vou ao supermercado e deixo-os a dormir ou a jogar playtstation (levámos a antiga para o Algarve e quando estou sozinha com eles é uma ajuda excelente). Muitas vezes só vamos para a praia na hora do almoço – eu sei que é pouco recomendável – mas é tão bom para estacionar o carro… Confesso que às vezes fico envergonhada de estar a chegar nas horas em que as famílias responsáveis abandonam o sol, mas cada família tem a sua logística e aquelas palhotas de praia, pelo preço que pagamos, protegem-nos mesmo bem do sol, não protegem?
Fiz muita coisa nesta semana de Agosto. Fizemos! Saí à noite com amigas (Joana, mais uma vez obrigada), voltámos à ilha do Farol (lugar mágico), fomos ao AQUASHOW (recordo bem a ida aos parques aquáticos com os meus pais e o meu irmão, agora é a minha vez de criar essas memórias com eles), jantámos fora com amigos naquele que já é um dos meus sítios preferidos para ir seguidos da praia mesmo na hora em que o sol se põe. Somos cada vez mais fãs (e os amigos que alinham em tudo também) desse programa de ir jantar fora salgados, directos da praia para o restaurante. Se formos a casa demoramos imenso tempo (só temos uma casa-de-banho), sujamos mais roupa (sempre em defesa do ambiente), ficamos mais cansados e não aproveitamos o final de dia. Assim, chegamos a casa já jantados, é só tomar banho (há sempre um que se escapa, tento que não seja mais que do 2 dias seguidos), livro (apenas eu e o Zé) e cama.
Mas também há momentos em que desespero. Que perco o controlo deles e, sobretudo, de mim. Há 3 frases que eles costumam repetir e que funcionam como chamada de atenção para mim e que me obrigam a parar nos momentos em que já estou mesmo a perder a paciência, ou melhor, quando já a perdi há 03 dias e ando de rabo para o ar à procura dela.
João Maria (14): “oh mãe, a mãe também é logo a gritar” – esta dá-me vontade de bater com os dentes nas pedras da calçada (e já gora … a partir de que idade é normal saber usar numa frase a palavra também com significado?)
Kiki (11): “a mãe é tão injusta” – fico com vontade de me fechar no quarto e só sair quando eles tiverem os três mais de 30 anos. Seria injusta (e às vezes sou) se dissesse que o Kiki é o mais difícil. Prefiro dizer que é o que mais gosta de me desafiar. De uma coisa não o posso acusar, o Kiki tem sido bastante constante e coerente nas suas birras e são quase sempre pela mesma razão: porque sim. Mas depois admite e pede desculpa e no fundo eu sei que ele só precisa de atenção. Todos precisam mas o Kiki precisa mais. E na maior parte das vezes a birra solta-se num abraço apertado num momento a dois.
Zé (8): “oh mãe, estou a incomoda-la?” – aguenta coração … que esta faz-me mesmo ver ver como eu consigo ser uma verdadeira besta quando me chateio
Aos amigos (para todas as idades o que é verdadeiramente uma benção nas férias), à minha Tita, ao Zinho que me confia a gestão deste nosso staff, obrigada. Já a pensar nas próximas férias, a 5.






