[14 anos amanhã]

Faz amanhã, dia 13 Setembro, 14 anos do acidente do meu irmão.

Com o tempo as datas vão perdendo o destaque na saudade, saudade essa que é presença assídua dos meus dias.

Durante alguns anos a minha mãe quis colocar a fotografia do meu irmão nos 2 principais jornais da cidade, com a indicação do dia e hora da missa que mandávamos celebrar ora por aniversário de vida ora de falecimento. Não vos sei transmitir em palavras o que me doía ver a fotografia do meu irmão no jornal. A fotografia do meu irmão na secção da necrologia. Felizmente a minha mãe concordou em não colocar mais anúncios. Já não colocamos anúncio. Combinamos entre mim, a minha mãe e o meu pai e vamos juntos à missa. Ainda mandamos rezar missa e ainda me custa sempre que oiço o nome do meu irmão na igreja. E eu que sou feita de fé. E logo eu que acredito. Custa-me muito ouvir o nome do meu irmão no altar com o som a ser reproduzido pelos altifalantes e a ganhar eco no meio das poucas pessoas que vão à missa durante a semana. Parece-me sempre que ele tem o nome mais comprido que alguma vez se ouviu e que, mesmo assim, o padre o diz soletrando sílaba por sílaba tornando-o ainda maior. O nome e a minha dor.

Esta semana recebi um terço de Roma, uma das minhas cidades preferidas, a primeira viagem que fiz com o Zinho depois de termos tido os nossos três filhos. Um presente para mim. Um símbolo da minha fé. Um presente que embora já tenha sido comprado há 2 ou 3 meses foi-me entregue na semana que eu mais preciso de o usar. Nos dias em que eu mais preciso de rezar e de acreditar que é disto que são feitos os meus dias e em tudo o que me faz querer agradecer sempre. Os meus amigos, a minha fé, os meus pais, os meus filhos, a minha família, o meu Zinho, as minhas memórias, a minha saudade e a soma de todos sem qualquer ordem de importância.

Partilho hoje o último texto que escrevi sobre esse dia, 14 Setembro de 2005, texto esse que terminei com um “continua” e que embora o continue em silêncio todos os dias ainda não tive vontade de o completar.

É apenas uma partilha de um texto meu que escrevi em Dezembro passado. Não precisam do voltar a ler. Não precisam de comentar. É talvez dos textos mais tristes que já escrevi. Fi-lo porque tenho medo que a memória falhe à saudade dos dias em que o meu irmão estava aqui comigo. E se falhar posso sempre voltar a ler-me e reler-me até as lágrimas afogarem a nitidez das minhas palavras.

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