Os Cinco em Cinque Terre (Ligúria, Itália)

Com esta foi a sexta vez que estive em Itália. Tenho tido a sorte de ter empregos que me fazem viajar e das 6, 4 vezes foram em trabalho, mas mesmo quando em trabalho, fiz sempre questão de tirar um ou dois dias para conhecer mais uma cidade. Itália é sem dúvida dos países da Europa que conheço, o que mais me fascina. Em tudo. Desde a gastronomia, à história (tudo é UNESCO), à cultura, às ruas estreitas com casas coloridas e varandas floridas, a língua e até mesmo a desorganização confusa de um país tipicamente latino. Como diz o Gonçalo Cadilhe, “(…) precisamos de dividir o mundo em duas metades: numa, colocamos Itália; e, na outra, tudo o resto. (…) in À descoberta da Ligúria com Gonçalo Cadilhe.

Desta vez fomos os 5 à região da Ligúria, especialmente para visitar as Cinque Terre. Entre Génova e Pisa ficam as Cinque Terre: Monterosso, Vernazza, Corniglia, Manarola e Riomaggiore. São 5 terras na Riviera da Ligúria que pintam a paisagem com cores alegres, num espaço estreito idealmente escolhido entre a montanha e o mar. Não me consigo lembrar o porquê da escolha deste destino. Comecei a preparar a viagem em Abril para irmos agora em Outubro. Inicialmente tinha pensado em Budapeste mas os horários dos voos directos eram a meio do dia e acabei por adiar essa viagem, embora queira ir muito em breve a Budapeste. Troquei mensagens com o Gonçalo Cadilhe que viveu 10 anos nesta região, falei com uma amiga que esteve lá há um ano atrás e com a minha sobrinha Maria que fez Erasmus em Milão e também visitou estas 5 vilas. Marquei voo para Milão e comecei a desenhar e a sonhar com o nosso trajecto. Quanto mais lia e mais fotos via mais surpreendida ficava por esta não ser uma região com mais turistas, mas num país que tem Roma, Vaticano, Florença, Veneza, Sardenha, Sicília e sei lá mais o quê, é fácil perder o protagonismo.

O melhor da viagem foi sem dúvida termos ido os 5. Quando tomámos a decisão de os levar foi com a consciência que teríamos obrigatoriamente de respeitar o ritmo deles e que se eles estavam ali connosco era sobretudo porque assim tínhamos escolhido. É preciso não esquecer que eles não têm a mesma noção que nós do valor das coisas e que não partilham do mesmo entusiasmo a contemplar um pôr do sol numa montanha idealmente colocada à beira mar. Foi nossa a opção de os levar e foi sobretudo para nós podermos usufruir da companhia deles. Foi muito bom ouvir as tentativas deles de comunicarem em italiano e inglês, o desembaraço do Zé a chamar a hospedeira para lhe dizer que não gostava da refeição, o Kiki a fazer alto as suas contas de multiplicar (“oh pai, quanto achas que custaram estes tablets todos do avião?”) e o João a ficar envergonhado com cada pergunta que os irmãos faziam. O Zé viu-se aflito para aguentar o nosso passo mas eu à parte do cansaço, ainda gosto muito de andar com ele ao colo. O Kiki  cresceu muito nestes dias, e é dos 3 o que precisa mais de se sentir seguro e que lhe dediquemos toda a atenção que ele pede. E o João já é uma óptima companhia de viagem para todas as circunstâncias. Eu e o pai assistimos na primeira fila a este cenário que é o nosso, a família que estamos a construir os 5.

Este foi o nosso itinerário para 4 dias:

Dia 1 | Milão – La Spezia (carro) – Vernazza (comboio). Dormida em Vernazza.

Dia 2 | Cinque Terre (comboio). Jantar em Porto Venere.

Dia 3 | Pisa, Siestri levante e Portofino (carro). Dormida em Lavagna.

Dia 4 | Lavagna – Milão (carro).

Obrigada Sofia e Bárbara pela paciência que tiveram comigo e obrigada Omnitur pela excelência de serviço sempre!

A não esquecer numa próxima viagem os 5:

– levar medicamentos, levar medicamentos, levar medicamentos. Como é que uma mãe de 3 crianças viaja sem medicamentos? O Zé Maria fez febre 2 dias, o pai fez uma lesão muscular e tivemos de ir à farmácia e “arranhar” o nosso melhor italiano

– levar auscultadores para todos (o avião de regresso tinha TV e eles tiveram de dividir os únicos auscultadores que levámos)

–  levar brinquedos pequenos e um baralho de cartas (levei! mas mesmo assim não consegui evitar que pedissem os nossos telemóveis, sendo que os maiores culpados somos nós que estamos sempre a passar dedo no écrán)

– marcar um BOM hotel com pequeno-almoço incluído (não adorei a experiência de airbnb. sentimos a falta do pequeno-almoço e do quarto arrumado)

– levar bolachas e trazer sempre algumas numa mochila (em viagem é frequente as refeições acontecerem em horários desregulados)

– levar para o primeiro dia um reforço de pequeno-almoço para tomar antes de entrarmos no aeroporto (com filhos a pedir sandes de panado no café do aeroporto deixámos lá o equivalente a uma camisola oficial do Cristiano Ronaldo e olha que eu gostava de ter uma e não tenho)

– habituá-los a andar cada um com uma mochila (eu e o pai andámos sempre a carregar tudo)

– levar uma bolsa para pendurar ao pescoço com os cartões de cidadão e os talões de embarque de todos (para o aeroporto dá um jeitão, eu levei uma oferta da Omnitur)

Agora é tempo de desfazer as malas, pagar o VISA e fazer planos para o próximo passeio, que será em território nacional, talvez Marvão e Castelo de Vide com um saltinho a Monsaraz.

[gostava de mostrar mais fotos mas aqui vão algumas]

IMG_5542
O pai connosco 24 horas / dia
IMG_5560
Brigam muito. Mimam-se muito.
IMG_5633
Pais que transportam tudo
IMG_5636
Muito turismo natureza, muita gente a fazer os trilhos que ligam as Cinque Terre
IMG_5642
Uma mãe de carga
IMG_5677
Estações, apeadeiros e passageiros de sonho
IMG_5697
Vilas plantadas entre a montanha e o mar
IMG_5813
Entrámos nesta estrada sem querer e fomos abençoados com esta vista
IMG_5827
Um cenário inclinado e a maior risada para não deixar cair a torre

Acho que vão gostar de ler este texto da minha amiga Joana e digam lá se não concordam: Dois a dois peguem nas malas ou no teclado: vamos viajar!

 

 

 

 

2 thoughts on “Os Cinco em Cinque Terre (Ligúria, Itália)

Deixe um comentário